Esta neve
rosa não é um bom sinal para nosso futuro
Por: Maddie Stone
23 de junho de 2016 às 18:13
23 de junho de 2016 às 18:13
Seu provável primeiro pensamento ao
ver esta neve de cor rosa é que pode ter havido um acidente industrial ou o
massacre de um pé-grande nas redondezas. Bom, não foi nenhuma dessas duas
coisas que aconteceram, aliás, isso é algo natural — são apenas algas vermelhas
que vivem na neve. Então, por que os cientistas estão confusos com isso? Porque
esse fenômeno tem causado o aceleramento do degelo do Ártico.
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Visualização mostra o efeito dramático da mudança climática agora e no futuro
>>> Gelo do Ártico está prestes a atingir o menor nível da história
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Esta
é a alarmante conclusão de um estudo publicado na Nature
Communications que sugere que nós provavelmente subestimamos a
habilidade de que pequenas algas poderiam estar prejudicando as calotas
polares. Há ainda uma questão referente ao bio-albedo, ou coeficiente de
reflexão biológica, que consiste na ação de micróbios na superfície glacial de
modo a alterar suas propriedades físicas. É esperado que aumente essa ação
conforme o planeta for ficando mais quente.
Algas vermelhas da neve já foram
detectadas em várias partes do mundo, de ambientes polares e alpinos da
Groenlândia e Antártica, passando pela Islândia e pelos alpes europeus. No
inverno, elas ficam dormentes na neve e em esporos. Porém, no final da
primavera e no verão, quando habitats gelados começam a derreter, elas
florescem para produzir paisagens surpreendentes de cor rosa.
Agora, uma análise abrangente de
algas vermelhas da neve feita em 21 geleiras no Ártico mostra que essas pequenas
criaturas, na verdade, estão ajudando a neve a derreter mais rápido.
A razão para isso tem relação com um
processo de mudança de clima chamado de efeito albedo (coeficiente de
reflexão). Você já deve ter ouvido de como as geleiras mantêm nosso planeta
gelado ao refletir o sol. Como as geleiras derretem, elas passam a exibir o
solo escuro ou a superfície do oceano — superfícies com menos albedo. Isso faz
com que a Terra absorva mais luz do sol e esquente ainda mais.
Acontece que as algas vermelhas têm um efeito importante no albedo de
superfícies nevadas, reduzindo o coeficiente em 13%, segundo este novo estudo.
E enquanto ainda não está claro quão extensos são esses florescimentos, Steffi
Lutz, que é a autora principal do estudo e da universidade de Leeds, disse que
elas podem estar espalhadas pelo Ártico já durante o verão.
Detalhe de uma colônia de algas
vermelhas da neve. Imagem por Stefanie/GFZ
“Baseado em observações pessoais, uma
estimativa conservadora seria de 50% da superfície da neve em uma geleira até o
fim da temporada de derretimento”, disse Steffi ao Gizmodo em um e-mail. “Mas
isso pode ser potencialmente ainda maior.”
Isso coloca as algas vermelhas na
longa lista de fatores influentes para que o Ártico derreta como um picolé
dentro de um microondas. Lutz e seus colegas agora estão trabalhando para
estimar o quanto as algas vermelhas são responsáveis pelo derretimento glacial.
Eles também esperam incorporar critérios coloridos em futuros modelos
climáticos globais.
O que incomoda é que mesmo se as
algas vermelhas tenham pequena influência na cobertura do Ártico hoje, o papel
delas provavelmente vai aumentar com a crescente emissão de carbono ocasionada
por humanos, que aquece o planeta.
“As algas precisam de água líquida
para florescerem”, disse Lutz. “Portanto, o derretimento das superfícies de
neve e gelo controlam a abundância de algas. Quanto mais derreter, mais algas
terão. Com as temperaturas aumentando globalmente, o fenômeno das algas da neve
provavelmente vai também aumentar ainda mais o efeito bio-albedo.”
É mais um lembrete de que os
micróbios estão botando suas asinhas de fora mais do que nós, humanos,
gostaríamos.
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