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domingo, 29 de maio de 2016

Da Sibéria à Austrália, cientista "caça" o DNA de nossos ancestrais (UOL)

Da Sibéria à Austrália, cientista "caça" o DNA de nossos ancestrais
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Carl Zimmer
Em Copenhague
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  • Laerke Posselt/The New York Times
    Eske Willerslev, diretor do Centro de Geogenética da Universidade de Copenhague
    Eske Willerslev, diretor do Centro de Geogenética da Universidade de Copenhague
Durante sua infância na Dinamarca, Eske Willerslev não via a hora de sair de Gentofte, sua suburbana cidade natal. Assim que chegou à idade necessária, começou a correr para a imensidão do Ártico.
O irmão gêmeo, Rane, dividia a obsessão. Nas férias, eles se retiravam na mata, para aprender a sobreviver. Os gêmeos Willerslev decidiram que sua primeira jornada seria para a Sibéria. Fariam contato com um grupo misterioso de pessoas chamado yukaghir, que supostamente vivia apenas de alces.
Quando os gêmeos Willerslev chegaram aos 18 anos, cumpriram a promessa. Logo estavam remando uma canoa subindo rios siberianos remotos.
"Ninguém sabia o que veria do outro lado de uma montanha. Havia aldeias nos mapas, mas não se via nem um traço delas", diz Eske Willerslev, que agora tem 44 anos.
Willerslev passou boa parte dos próximos quatro anos da Sibéria, caçando alces, viajando pela tundra vazia e conhecendo os yukaghirs e outros povos da região. A experiência os fez questionar a história dos grupos étnicos, sobre como as pessoas se espalharam pelo planeta. Vinte e cinco anos depois, Willerslev ainda faz essas perguntas, mas agora está encontrando respostas reveladoras.
Como diretor do Centro de Geogenética da Universidade de Copenhague, Willerslev usa DNA antigo para reconstruir os últimos 50 mil anos de história humana. As descobertas enriqueceram nossa compreensão da pré-história, esclarecendo o desenvolvimento humano com provas que não são encontradas em lascas de cerâmica nem no estudo de culturas vivas.
Willerslev chefiou o primeiro sequenciamento bem-sucedido de um genoma humano antigo, a de um groenlandês de quatro mil anos. Sua pesquisa em um esqueleto siberiano de 24 mil anos revelou uma conexão inesperada entre europeus e os nativos norte-americanos.
Willerslev foi um dos primeiros pioneiro no estudo do DNA antigo e, hoje em dia, continua na linha de frente de uma área cada vez mais competitiva.
"Seu papel é de catalisador, coreógrafo, condutor e adulador -- e, às vezes, tudo ao mesmo tempo", afirma David J. Meltzer, arqueólogo da Universidade Metodista do Sul, no Texas.
O empreendimento científico que Willerslev ajudou a inventar agora pode cruzar um terreno problemático em termos culturais. Em junho passado, ele e colegas publicaram o genoma de um esqueleto de 8.500 anos do Estado de Washington conhecido como Homem de Kennewick ou o Antigo.
Tribos norte-americanas e cientistas lutaram pelo controle dos ossos desde sua descoberta em 1996. Durante a pesquisa, Willerslev se reuniu com representantes das tribos. Uma tribo concordou em doar DNA para seu estudo.
Willerslev e colegas concluíram que o Homem de Kennewick estava relacionado com nativos norte-americanos vivos. A descoberta levou a um anúncio monumental no mês passado: O Corpo de Engenheiros do Exército comunicou que iria considerar formalmente o pedido das tribos para retomar o esqueleto e enterrá-lo.
"Ele simplesmente se tornou o cientista que deveria ser. Qualquer outra coisa seria errada", declara Rane Willerslev, agora antropólogo cultural da Universidade de Aarhus, sobre seu irmão.
Divulgação
O crânio do chamado Homem de Kennewick, e sua possível feição

O primeiro genoma humano antigo

Foi em sua terceira jornada pela Sibéria, em 1993, que os irmãos Willerslev finalmente encontraram os yukaghirs. Um idoso, coberto de cicatrizes causadas por caçar ursos na juventude, os levou a um vilarejo yukaghir.
"Foi completamente diferente do que imaginei", conta Eske Willerslev.
Os yukaghirs não eram uma tribo exótica morando no mais completo isolamento. Na verdade, praticamente todos eles podiam contar com russos e pessoas de outros grupos étnicos entre os ancestrais. Os gêmeos Willerslev só conseguiram achar um velho solteiro que ainda falava o idioma nativo.
Aquele encontro ainda estava nítido em sua mente quando, na Dinamarca, Willerslev soube que cientistas estavam extraindo DNA de múmias fósseis, uma técnica que pode ajudar a explicar a história de povos como os yukaghirs.
Todavia, não havia ninguém na Dinamarca fazendo essa pesquisa, então um dos professores de Willerslev sugeriu uma alternativa. Eles poderiam investigar o gelo antigo que pesquisadores do clima da Universidade de Copenhague haviam trazido da Groenlândia.
Willerslev e um colega da universidade, Anders J. Hansen, montaram uma sala na qual poderiam procurar DNA no núcleo do gelo. E em gelo com até quatro mil anos de idade, Willerslev e Hansen encontraram o DNA de 57 espécies de fungos, plantas, algas e outros organismos.
A Nasa ligou para o jovem doutorando para perguntar sobre seus métodos. "Eu me convenci completamente que desejava ser um cientista. Existe uma grande diferença entre ler sobre o que os outros descobriram e encontrar alguma coisa você mesmo", diz Willerslev.
Depois de publicar o estudo com o gelo em 1999, Willerslev mandou e-mails para cientistas russos, que lhe enviaram pedaços do tamanho de cubos de açúcar do "permafrost", o solo congelado do Ártico, para pesquisar DNA da era do gelo.
No primeiro cubo, Willerslev tirou a sorte grande genética. "Via-se mamute-lanoso, rena, lemingue, bisão. Era simplesmente incrível."
Descobrir todo um ecossistema da era do gelo em um punhado de solo congelado ajudou Willerslev a ganhar uma cátedra na universidade. A seguir, ele fundou o Centro de Geogenética, que agora emprega mais de cem cientistas.
Desde o começo, Willerslev fez da descoberta do DNA humano antigo uma das principais prioridades do Centro. Em 2006, partiu para o norte da Groenlândia com colegas na esperança de achar algum.
Os cientistas procuraram ossos de animais que mostrassem sinais de terem sido abatidos. Eles esperavam que os caçadores pudessem ter deixado um pouco de DNA.
Durante mais de um mês, os pesquisadores vasculharam o solo, vestindo macacões completos para evitar contaminar as amostras, mas quando regressaram a Copenhague com os ossos, só acharam DNA animal.
Pouco tempo depois, Willerslev soube que a viagem havia sido desnecessária. Na década de 1980, pesquisadores universitários encontraram uma mecha de cabelo com quatro mil anos de idade na Groenlândia que fora armazenado -- e esquecido -- em um porão.
Willerslev e os colegas extraíram DNA do cabelo e usaram novos métodos poderosos para reconstruir o genoma do groenlandês. Era a primeira vez que cientistas recuperavam genoma humano antigo completo.
O cabelo revelou ter pertencido a um homem. Seu tipo sanguíneo era A positivo, e ele tinha predisposição genética à calvície. O mais interessante de tudo, porém, era que seus genes continham pistas sobre a história da Groenlândia e dos inuítes que ali moram hoje em dia.
"Nós podíamos ver que esses sujeitos não eram os ancestrais diretos do povo inuíte", diz Willerslev. Em vez disso, o antigo groenlandês pertenceu a um grupo diferente conhecido como paleo-esquimó.
Willerslev e colegas concluíram que os paleo-esquimós migraram da Sibéria cerca de 5.500 mil anos atrás e permaneceram durante séculos no Canadá e na Groenlândia antes de desaparecer. Os paleo-esquimós não eram os ancestrais dos inuítes atuais: os segundos substituíram os primeiros.

A história se complica

Após seis anos da publicação daquele relatório, Willerslev e colegas publicaram uma série de estudos que mudou fundamentalmente o modo em que pensamos a história humana.
Nossa espécie evoluiu na África cerca de 200 mil anos atrás. Os cientistas ainda estão tentando entender como os humanos vieram a povoar os outros continentes.
Os nativos norte-americanos, por exemplo, parecem ter se originado de uma população de algum lugar na Ásia há mais de 15 mil anos. Na busca por pistas dessa população fundadora, Willerslev e colegas examinaram um osso de 24 mil anos, enterrado nos arredores de um vilarejo chamado Mal'ta na Sibéria oriental.
Num estudo preliminar, Maanasa Raghavan, pesquisadora do centro de genética, descobriu DNA nos restos mortais, mas os genes pareciam pertencer a um indivíduo do norte europeu não a um do leste asiático.
"Eu deixei de lado porque achei que estivesse completamente contaminado", Willerslev conta acerca da pesquisa.
Depois que ele e colegas desenvolveram métodos mais poderosos para analisar o DNA, Raghavan e colegas voltaram ao DNA de Mal'ta. O material não estava contaminado. Pelo contrário, era um genoma diferente de tudo que esperavam. Partes do genoma do menino pareciam muito com o DNA de europeus antigos, mas a maioria lembrava a dos nativos norte-americanos.
"Foi uma grande descoberta. Esse indivíduo não tem nada a ver com os povos do leste asiático. Ele tem a ver com europeus e nativos norte-americanos", assegura Willerslev.
Ao que parece o menino de Mal'ta pertencia a uma população antiga espalhada pela Ásia 24 mil anos atrás. Eles entraram em contato com uma população do leste asiático em algum momento, e membros dos dois grupos tiveram crianças juntos. Os nativos norte-americanos são os descendentes dessas crianças.
O povo de Mal'ta não está ligado aos asiáticos que moram na região hoje em dia, mas antes de desaparecerem, também transmitiram seu DNA aos europeus. Pesquisa posterior revelou a rota que esses genes tomaram da Ásia à Europa.
Em estudo publicado em junho passado, Willerslev e colegas encontraram DNA semelhante ao de Mal'ta em nômades da Era do Bronze chamados yamnaya, que viveram entre 4.300 e 5.500 anos atrás no que hoje é sudoeste russo. Há cerca de cinco mil anos, os yamnaya se expandiram pela Europa, onde acrescentaram seu DNA ao banco genético.
A nova pesquisa levou Willerslev a abandonar a crença anterior de que os maiores grupos de pessoas em partes diferentes do mundo tinham em grande medida histórias genéticas separadas. "Esses resultados deixaram claro que essa visão simplificada não é a verdade."

Um histórico de agressões

Em 2011, Willerslev e colegas fizeram história novamente ao publicarem o primeiro genoma de um aborígene australiano. A pesquisa lhes deu uma nova compreensão da história humana, mas também lhes ensinou uma lição sobre os obstáculos culturais envolvendo o estudo do DNA antigo.
Provas arqueológicas mostram que os humanos chegaram à Austrália há pelo menos 50 mil anos. Há muito tempo os cientistas se perguntavam se os aborígenes de agora no continente são descendentes desses primeiros colonizadores ou de pessoas que chegaram mais tarde.
Willerslev viu uma fraqueza nos primeiros estudos genéticos com os aborígenes australianos. Muitos aborígenes vivos hoje têm ancestral europeu. Ele decidiu procurar um genoma aborígene livre de DNA europeu. Em 2010, achou um tufo de cabelo coletado na Austrália na década de 1920 pela Universidade de Cambridge. O pesquisador e seus colegas recuperaram o DNA do cabelo e reconstruíram o genoma do seu proprietário.
A análise revelou que os ancestrais dos aborígenes australianos se separaram de outros não africanos há cerca de 70 mil anos. A descoberta sustenta a ideia segundo a qual os primeiros colonizadores australianos foram os ancestrais dos aborígenes atuais.
Willerslev estava ansioso em divulgar a nova descoberta, mas um dos coautores da pesquisa, Rasmus Nielsen, da Universidade da Califórnia, campus de Berkeley, declarou que eles cometeram um equívoco grave ao não obter o consentimento de aborígenes australianos vivos.
"Não me pareceu certo driblar os desejos da comunidade aborígene usando aquela amostra. Eu estava prestes a abandonar o estudo por causa dessas preocupações", conta Nielsen.
No começo, Willerslev não compreendia a comoção.
"Para mim, a história humana pertence a todos nós porque estamos todos ligados, e nenhum povo tem o direito de impedir nossa busca pela compreensão dessa história."
Willerslev, porém, decidiu viajar à Austrália para se reunir com representantes aborígenes. Ele ficou abalado ao conhecer a história antiética da pesquisa científica com os aborígenes australianos.
Por exemplo, anatomistas vitorianos pilharam cemitérios e levaram embora ossos para expor em museus. Anos desse tipo de exploração deixaram muitos deles com suspeitas em relação aos cientistas.
Hoje, geneticistas que querem estudar DNA aborígene precisam obter consentimento não apenas dos doadores, mas também de organizações da comunidade. E, em muitos casos, existem limites sobre o quanto os resultados científicos podem ser divulgados. "Prestando atenção agora, entendi por que eles tinham esse ceticismo e resistência. Em retrospecto, eu deveria ter procurado esses povos antes de empreender o estudo. Só porque é legal não quer diz que seja eticamente correto", diz Willerslev.
Na Austrália, Willerslev se reuniu com o Conselho de Terra e Mar de Goldfields, que representa o povo aborígene na região onde a amostra de cabelo fora obtida. Ele descreveu os resultados de sua análise e pediu autorização para publicá-los.
O Conselho concordou. Na verdade, quando o estudo foi publicado, eles elogiaram os resultados. "O povo aborígene se sente desobrigado de mostrar à comunidade em geral que é a civilização contínua mais antiga do mundo", a entidade afirmou em comunicado oficial.

O Novo Mundo

As experiências na Austrália mudaram a maneira pela qual Willerslev e colegas investigam DNA de povos indígenas. "Eu evoluí", conta.
Em 2011, ele ficou sabendo de um esqueleto de 12.700 anos de um bebê que fora encontrado em 1968 na fazenda de Melvyn e Helen Anzick em Montana. Willerslev entrou em contato com a família e recebeu permissão para investigar os ossos da chamada criança de Anzick em busca de DNA.
Willerslev estava ciente que muitos nativos norte-americanos, a exemplo dos aborígenes australianos, passaram a suspeitar de estarem sendo explorados pelos cientistas. Durante sua pesquisa, tentou entrar em contato com as tribos locais.
Ele falou com a Comissão de Preservação Funerária de Montana, que protege restos mortais de nativos norte-americanos no Estado, mas soube que não precisava de autorização porque os ossos foram encontrados em terra particular.
Willerslev e colegas foram bem-sucedidos na extração de DNA dos ossos. Baseado em sua pesquisa na Groenlândia, o cientista suspeitava que a criança pertencesse a uma população desaparecida sem parentesco próximo com os nativos norte-americanos vivos.
Todavia, o genoma mostrou outra coisa: a criança tinha parentesco próximo com os nativos norte-americanos vivos.
Quando os resultados preliminares foram divulgados, Willerslev foi apresentado ao Dr. Shane Doyle, membro da tribo crow que então era pós-graduando da Universidade Estadual de Montana. Doyle levou Willerslev a uma série de reuniões com representantes tribais.
Muitas das pessoas estavam interessadas nos resultados, mas muitas também lhe falaram que o esqueleto da criança de Anzick, como outros restos mortais encontrados em Montana, merecia um enterro adequado.
"A prioridade deles era recuperar os restos dos ancestrais e voltar a enterrá-los", conta Francis L. Auld, então gerente de programa de preservação histórica tribal da Confederação das Tribos Salish e Kootenai.
Com a participação de representantes tribais, a família Anzick enterrou os restos em junho de 2014, quatro meses depois que o documento com o genoma foi publicado.
"Era um caso complicado, e teria sido complicado para qualquer um", explica Dennis H. O'Rourke, geneticista da Universidade do Kansas que não participou da pesquisa.
Para ele, teria sido melhor se Willerslev e colegas tivessem conseguido se reunir com as tribos antes de fazer a pesquisa. "Mas fiquei feliz em saber que isso terminou acontecendo."
Willerslev foi então convidado a procurar DNA em um dos esqueletos mais polêmicos já encontrados: o Homem de Kennewick.
Em 1996, Ripan Mahli, então pós-graduando, tentou encontrar DNA nos restos mortais recém-achados. Os métodos de então eram brutos demais para o trabalho, e as pesquisas no Homem de Kennewick logo foram impedidas quando as tribos locais entraram na justiça para reivindicar os ossos.
Após uma década de processos judiciais, uma equipe de cientistas ganhou o direito de estudar o Homem de Kennewick e, em 2013, Willerslev foi convidado a novamente tentar recuperar DNA dos ossos, usando seus métodos mais recentes.
Enquanto montava uma equipe de especialistas, Willerslev convidou Mahli, agora na Universidade de Illinois. A princípio, Mahli se mostrou relutante. Ele havia passado anos construindo uma relação melhor entre cientistas e nativos norte-americanos. Um estudo do Homem de Kennewick poderia enfraquecer tais elos.
Mahli, no entanto, decidiu entrar para a equipe quando Willerslev começou a se reunir com as tribos locais. "Minha opinião mudou quando vi que Eske estava se envolvendo com essas comunidades."
"Ele tem sido ótimo em meio a tudo isso", disse Jackie M. Cook, especialista em repatriação das Tribos Confederadas da Reserva Colville, a respeito de Willerslev.
O genoma do Homem de Kennewick, a exemplo da criança de Anzick, revelou uma continuidade antiga entre os nativos norte-americanos vivos e os primeiros povos a chegar ao Novo Mundo. Depois que Willerslev e colegas publicaram os resultados neste ano, John Novembre, da Universidade de Chicago, os confirmou a pedido do Corpo de Engenheiros do Exército.
Willerslev tem sentimentos ambíguos em relação às consequências de sua pesquisa sobre o Homem de Kennewick. "Sou um cientista, e isso significa que lamento que material importante seja reenterrado, mas quando se estabelece que esses restos mortais são geneticamente de nativos norte-americanos, a decisão deixa de ser minha."
Desde o projeto do Homem de Kennewick, Willerslev recebeu visitas de várias tribos de nativos norte-americanos em seu laboratório em Copenhague. Seus convidados o ajudaram a ver a grande diferença entre como ele, um europeu, trata a História em relação a eles.
Willerslev antes exibia orgulhosamente uma coleção de crânios dinamarqueses antigos a visitantes nativos norte-americanos, descobrindo que eles se aborreciam com isso. "Como você pode tratar seus ancestrais com tanto desrespeito?", eles indagavam.
Em dezembro, Willerslev recebeu Doyle, Ben Cloud e Frank Caplett, também da Nação Crow. Willerslev lhes mostrou o laboratório e propôs uma pesquisa na esperança de que a tribo pudesse levá-la em consideração.
Por exemplo, o cientista gostaria de investigar a influência genética sobre o alto índice de diabetes entre os nativos norte-americanos. Ele deu início a um trabalho similar na Austrália.
Cloud ficou intrigado com a ideia. "Tenho parentes mais jovens do que eu que morreram dessa doença. Por que a minha família está morrendo?"
Willerslev também levantou a possibilidade de estudar o DNA crow para compreender sua história. Doyle disse duvidar que a tribo se interessasse.
"Há muito tempo recebemos brancos que nos contaram coisas, e isso nunca nos impressionou muito", declara.
Willerslev aceita esse tipo de rejeição como parte de seu trabalho. "Temos de respeitar isso enquanto cientistas. Não temos de concordar."
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Conheça a saga do primeiro ancestral americano, o 'Homem de Kennewick'8 fotos

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O acesso dos cientistas ao esqueleto do "Homem de Kennewick" só foi possível em 2006, após uma batalha na Justiça que envolveu os índios, os cientistas e o governo americano. Na foto, a especialista Kari Bruwelheide, do Museu Nacional de História Natural de Washington arranja os ossos do "Homem de Kennewick"VEJA MAIS >Imagem: Chip Clark/NMNH, SI

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