Empresas devem se aproximar mais dos centros de pesquisa, defendem debatedores
Augusto Castro | 01/07/2016, 18h56 - ATUALIZADO EM 01/07/2016, 22h01
O setor empresarial precisa olhar com mais atenção e se aproximar dos centros de pesquisa, tecnologia e inovação para que o país possa avançar no desenvolvimento de produtos e serviços. Esse foi um dos consensos entre os vários palestrantes que participaram da audiência pública interativa que a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) promoveu na tarde desta sexta-feira (1º) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.
O encontro foi conduzido pelo presidente da comissão, o senador Lasier Martins (PDT-RS). Ele ressaltou a necessidade da pesquisa no país envolver e integrar os setores empresarial, acadêmico e governamental para que nunca faltem recursos para a área. Aproximadamente 300 pessoas puderam acompanhar o encontro na assembleia gaúcha. O setor afirmou que o setor de ciência, tecnologia e inovação precisa ser encarado como estratégico e ficar livre de contingenciamentos.
O evento foi o primeiro do ciclo de debates e seminários sobre os grandes desafios da ciência, tecnologia e inovação relacionados ao desenvolvimento sustentável. O objetivo é estabelecer mecanismos de comunicação qualificada com a sociedade, em parceria com instituições acadêmicas, organizações governamentais e entidades de pesquisa ou desenvolvimento tecnológico em diversas cidades do país.
Primeiro a falar, o presidente da Ceitec Semicondutores, Marcelo Soares Lubaszewski, apresentou as atividades dessa empresa pública que é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologias, Inovações e Comunicações. A Ceitec atua no segmento de semicondutores, principalmente cartões inteligentes, circuitos integrados de aplicação específica e identificação por radiofrequência.
O reitor da Universidade de Passo Fundo (UPF), José Carlos Carles de Souza, informou que a instituição faz parte do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), que reúne 15 instituições de nível superior, mais de 200 mil alunos, 9 mil professores, mais de 11 mil funcionários, oito parques científicos e tecnológicos instalados e 12 incubadoras de empresas. Além disso, disse o reitor, a Comung coordena vários polos de desenvolvimento regional e abrange pesquisa e inovação nas áreas de alimentos; indústria moveleira; pedras, gemas e joias; indústrias têxtil e de moda; erva mate; plantas medicinais e produtos fitoterápicos; indústria metal-mecânica; veterinária; imunologia; energia solar; entre outros. Para o reitor, os empresários precisam se aproximar mais das universidades e dos centros de pesquisa e inovação, para colocar os avanços à disposição da sociedade.
Já o reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Paulo Afonso Burmann, disse que o sistema de iniciação científica do Brasil é um dos melhores do mundo, bem como o sistema de concessão de bolsas internacionais. Ele informou que o Brasil está em 13º lugar no ranking mundial de produção científica, mas está nos últimos lugares no quesito qualidade da pesquisa.
Burmann disse também que o Brasil dobrou o número de estudantes no ensino superior nos últimos anos, o que também aumentou o número de professores e técnicos.
— Agora é a hora das lideranças empresariais darem mais contribuição ao setor — afirmou o reitor.
Por sua vez, o deputado estadual Marcel van Hattem (PP-RS), pediu menos burocracia no setor de pesquisa e o professor Renato de Oliveira, representando a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, disse que, embora o país tenha avançado muito em pesquisa desde o ano 2000, o país sofre com desindustrialização no mesmo período.
O diretor da Tecnosinos, Luís Felipe Maldaner, disse que o parque tecnológico da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) tem incubadora com 75 empresas e mais de 4.500 trabalhadores, inclusive empresas alemãs, indianas e coreanas.
O vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Vicente Oppermann, disse que a universidade tem 910 grupos de pesquisa e mais de 650 bolsistas. Ele reclamou que o Brasil investe pouco em inovação, apenas 1,5% do PIB. Oppermamm também defendeu mais proximidade entre a academia e a sociedade e disse que dentre as áreas nas quais a UFRGS pesquisa e inova estão robótica, inteligência artificial, biotecnologia, nanotecnologia, novos materiais, veículos inteligentes, entre outros. Ele pediu um pacto político para garantir desenvolvimento permanente do setor, que não varie de governo a governo e torne a pesquisa e a inovação prioridades permanentes nas políticas de estado.
O representante do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul, Jaderson Costa da Costa, disse que a pesquisa brasileira precisa de investimentos continuados e planejamento de longo prazo.
A pró-reitora do Centro Universitário Univates, Júlia Elisabete Barden, informou que o parque tecnológico da instituição, o Tecnovates, foi criado em 2010 e inclui incubadora de empresas e laboratórios especializados em meio ambiente, leite, carne, plantas e energia renovável.
— A aproximação entre universidades, empresas e governos é essencial. As empresas estão começando a perceber a importância de apoiarem o desenvolvimento da pesquisa, tecnologia e inovação — disse Júlia.
A diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Márcia Cristina Bernardes Barbosa, afirmou que a ciência e tecnologia é um motor para o desenvolvimento, mas que, em momentos de crise econômica, o setor fica de lado e os investimentos diminuem.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Pelotas (RS), Fernando Estima, informou que o parque tecnológico da cidade será inaugurado em agosto de 2016. Já o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Celso Zanus, disse que a entidade tem diversas parcerias com universidades públicas e privadas.
Também participaram do evento o diretor da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Carlos Eduardo Pereira; a reitora da Universidade de Cruz Alta (Unicruz), Patrícia DallAgnol Bianchi; o diretor da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Carlos Alberto Oliveira; o reitor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Marco Antonio Fontoura Hansen; a especialista em células-tronco da UFRGS Patrícia Pranke, e o reitor da UniLasalle, Paulo Fossatti; entre outros.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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